Reportagem publicada no site da revista “O Mundo da Usinagem” (OMU), em outubro  de 2018 | Fotos cedidas pela B.Grob.

A empresa reforça sua estratégia para atender às novas demandas da indústria.

A quarta edição do Workshop de Usinagem 5 eixos da GROB, realizada recentemente nas instalações da empresa em São Bernardo do Campo, mostrou uma vez mais a relevância dos eventos presenciais para disseminar conhecimento, promover encontros e troca de experiências e quem sabe o início de futuros negócios.

Reuniu cerca de 500 participantes e 24 expositores, entre eles empresas de lubrificação e refrigeração, sistemas de fixação, softwares e treinamento, medição, automação industrial e ferramentas de corte como a Sandvik Coromant, e apresentou ao público várias palestras técnicas, além de um tour guiado à sua fábrica de produção e montagem de máquinas-ferramentas, terminando com uma demonstração prática no CAT (Centro de Aplicação Tecnológica).

Christian Müller, presidente de vendas da região das Américas, abriu o evento dando um panorama sobre a companhia, que possui cinco plantas, doze subsidiárias e cerca de 6.600 funcionários ao redor do mundo. Na ocasião, ele mencionou que a multinacional alemã obteve 50% de aumento de faturamento nos últimos dois anos, fechando o ano fiscal de 2017-18 com um faturamento de 1,54 bilhões de Euros. A região das Américas corresponde à cerca de 30% desse faturamento, só ficando atrás da Ásia que representa quase 40%.

Christian Müller, presidente de vendas da GROB, para região das Américas, deu as boas-vindas aos participantes do evento, apresentando, na sequência, um panorama sobre a companhia

A maior parte dos dividendos vem da indústria automotiva, porém, outros mercados como o aeroespacial também têm se tornado expressivo para ao grupo. Comentaram ter 90% de presença nos fornecedores de pequeno e médio porte da Embraer com suas máquinas de alta tecnologia e alta flexibilidade para perfis complexos.

Isso é reflexo da prática de estarem sempre atentos às oportunidades que o mercado sinaliza ou demanda. A mais recente aquisição no Brasil foi a de um espaço vizinho da planta atual, uma fábrica inativa e desocupada, de cerca de 22.000 m2. O galpão anexo será destinado à linha de produção e logística e as atuais instalações serão plenamente ocupadas pelas linhas de usinagem e montagem que, ao todo, vão requerer mais espaço.

Nos EUA, irão lançar, em breve, o E-mobility Lab e na Europa, em Turim/Itália, irão inaugurar uma nova planta que provém da aquisição da DMG Meccanica, líder no mercado de máquinas e instalações para a produção de estatores e rotores para motores elétricos e geradores.

Christian Müller afirma que o que para muitos é considerado risco, para eles é uma oportunidade – ou seja diversificar a oferta de produtos contempla diversificar também a estratégia de atuação no mercado. “A GROB se adiantou e se preparou a tempo para fazer parte dessa transformação do status tecnológico. Ao mesmo tempo em que nos encontramos posicionados para o futuro, continuamos a desempenhar nosso papel global como parceira da indústria automotiva. Isso nos permite oferecer soluções completas com conceitos inovadores aos nossos clientes, trazendo sempre o que há de melhor em máquinas e sistemas para o desenvolvimento do mercado internacional e seus diferentes segmentos e aplicações”, declara.

UMA REFLEXÃO PRODUTIVA

A palestra de abertura do evento foi de Rüdiger Leutz, diretor geral da Porsche Consulting que abordou sobre porque se preocupar com a digitalização na indústria apresentando o caso de sucesso da própria Porsche. Como saíram de uma situação totalmente adversa nos anos 90, com um prejuízo de 120 milhões de Euros, para a chamada produção 4.0, com planos de lançar o primeiro carro totalmente elétrico da marca em 2019.

O ponto central para o consultor não é a adoção a qualquer custo de tecnologias como Big DataIoT, Inteligência artificial e Cloud que certamente podem impactar positivamente o modus operandi de um negócio e agregar valor a todos da cadeia. Antes, porém, é preciso revisitar o processo como um todo, fazer um raio X para adequar qual tecnologia irá melhor atender às minhas necessidades e tornar meu processo mais produtivo.

A transformação digital se funda nas novas tecnologias, sobretudo as disruptivas, e como se comunicam entre si – a conectividade. Isso não se discute. Mas para estar inserido nessa onda e ser produtivo eu preciso primeiro mudar minha mentalidade e muitas vezes até o modelo de negócio, minha estratégia inteira, que foi justamente o que a Porsche fez e que a GROB também está fazendo para construir mais know-how e liderar cada vez mais as soluções de máquinas operatrizes que possam atender em plenitude às atuais demandas da indústria.

No evento, a GROB fez demonstrações do novo módulo GROB-NET4Industry, recém-lançado, que permite a integração digital do processo produtivo do cliente, tornando-o ainda mais eficiente. O sistema combina módulos para aumentar a produtividade e oferecer um pacote eficaz ao cliente, do planejamento à manutenção. Está totalmente alinhado ao conceito de conectividade da indústria 4.0.

Rüdiger Leutz, diretor geral da Porsche Consulting, apresentou os desafios da digitalização na indústria com base na história da Porsche

NOVOS HORIZONTES

Michel Bauer, presidente da empresa no Brasil, comentou que todas as aquisições, planos de investimento e desenvolvimentos têm o principal foco de fazer com que a companhia esteja em sintonia com a tendência de digitalização da indústria.

Com um market share expressivo no setor automobilístico, a multinacional alemã não pode fazer vista grossa para a necessidade de produção de motores mais eficientes, sejam elétricos ou de combustão, para diminuir a emissão de poluentes, por exemplo, e rever os processos e estratégias é um ponto fulcral.

Para o executivo, é essencial entender todo o sistema elétrico dos veículos para poder oferecer um processo seguro e apropriado para a produção de grandes volumes, garantindo ainda as questões de sustentabilidade.

“A tecnologia da ‘Mobilidade elétrica’, ou do carro elétrico, requer um desenvolvimento completamente novo, ou seja, com máquinas dedicadas à confecção de motores elétricos. Para a GROB, essa nova tecnologia não é uma opção e sim uma necessidade para a nossa empresa se manter na vanguarda da tecnologia e sustentabilidade”, corrobora.

Para aumentar a eficiência de motores de combustão, desenvolveram também uma tecnologia chamada Thermal spraying system G500TS. Um processo geral de pulverização térmica interna de cárters (crankcase) capaz de reduzir o peso de motores de combustão e o consumo de combustível e aumentar a resistência do motor contra a corrosão por parte de certos combustíveis.

Já possuem uma linha inteira de produtos voltados à produção de estatores para montagem de motores e rotores elétricos e montagem de baterias e células de combustível (fuel cell). Porém, o maior desafio ainda é descobrir qual tendência da mobilidade vai emplacar mais e em qual mercado – Plug-in, híbridos, Fuel Cell?

Michel Bauer, presidente da GROB no Brasil, acredita que a tecnologia da mobilidade elétrica é uma necessidade, não uma opção

ESTRATÉGIA ANTENADA

Todos esses desenvolvimentos e aquisições têm como base um estudo cuidadoso e minucioso sobre as atuais tendências da indústria, mas não apenas isso. A sólida organização aprendeu ao longo de seus 90 anos de existência a driblar os inúmeros altos e baixos do mercado metalmecânico com muita determinação e coragem para se reinventar e talvez o principal – adotar uma prática de cooperação entre suas plantas e subsidiárias, visando sempre o melhor resultado final. Isso fortalece e garante ao usuário a possibilidade de experimentar soluções de engenharia comprovadamente eficazes e bem estruturadas.

O evento é mais uma vitrine que espelha toda a estratégia de atuação da companhia.

Vera Natale

Author Vera Natale

Sou consultora e especialista em Escrita e Comunicação Descomplicada. Ajudo empresas e pessoas a traduzir ideias e projetos em palavras fáceis de entender e comunicar no seu dia a dia, por meio de técnicas criativas.

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