Matéria publicada no site da revista “O Mundo da Usinagem” (OMU), em dezembro de 2018 | Fotos: abertura,  iStockphoto; pessoas, acervo pessoal.

Uma ideia, uma iniciativa e muita vontade de fazer a diferença no cenário de transformação digital da indústria

A transformação digital e seus efeitos na indústria vem sendo amplamente discutidos e difundidos há algum tempo e no mundo todo. Não faltam fóruns, eventos, workshops, webinários e reuniões. Em meio  ao tsunami de informações e iniciativas diversas relacionadas ao tema, o jovem Cleiton Leite, preparador de máquinas da empresa Lorenzetti há onze anos e voluntário do I.A.R (Instituto Avançado de Robótica) para projetos especiais, não se intimidou – tirou do papel o sonho de fazer a diferença, com uma iniciativa aparentemente simples, mas com um propósito claro e que tem surtido resultados positivos.

No final de dezembro de 2017, ao assistir um programa do canal de televisão sobre o futuro da indústria, Cleiton teve a ideia de criar um grupo, sem patrocínio, para discutir, tanto quanto possível em encontros presenciais, sobre a quarta revolução industrial, e sempre com foco nas práticas que já vem sendo adotadas e realizadas em nosso País. “Do surgimento da ideia até a criação, o meu sonho era sair do virtual e ter algo físico, um contato pessoal, convidando os importantes profissionais e especialistas do Brasil, para participar”.

Cleiton Leite criador de um grupo voltado para discutir a Indústria 4.0

Além dos encontros presenciais que ocorrem normalmente aos sábados, e que podem até parecer um paradoxo nessa era ultra conectada e virtual, Cleiton lança mão de recursos como as redes sociais para manter acesos o interesse dos participantes e a comunicação com o grupo que modera, fomentando discussões, praticamente todos os dias.

São compartilhadas várias situações reais, eventos, novas tecnologias, aprendizados e, talvez o principal asset, o conhecimento tácito dos membros, aquele que não está nos livros, nos e-books, palestras e manuais, mas que é próprio da experiência de cada um.

Assim, o conhecimento de vários profissionais de diversos setores da indústria da manufatura, como metalúrgica, de equipamentos e máquinas, tecnologia de automação, robótica, além de representantes de entidades de classe como Abimaq, ABDI e Firjan e de ensino como SENAI, vai sendo difundido e a colaboração, um pilar importantíssimo da Era 4.0, vai acontecendo naturalmente. “O conhecimento dos profissionais é que é a verdadeira revolução dentro das indústrias. O profissional precisa estar perto das tecnologias para poder inovar” ressalta.

Nesse ano, o último encontro presencial do grupo aconteceu na sede do I.A.R em São Bernardo do Campo, que apoiou a iniciativa desde o início. Mauro Contesini, desenvolvedor de novos negócios da empresa Pilz, fornecedora de tecnologia de automação, ministrou palestra sobre a importância da segurança no chão de fábrica especialmente quando há robôs envolvidos. Para o fundador e diretor do I.A.R., Rogério Vitalli, também presente no evento, ainda há muitas dúvidas sobre a segurança de fábricas robotizadas, mas também espaço para normatizar essa questão.

O evento foi muito interessante porque conseguimos discutir a questão da segurança em fábricas com robôs e outros elementos de controle em nível bem avançado. Tal profundidade, envolvimento e preocupação dos membros do grupo nos fazem pensar sobre a necessidade da criação de uma norma reguladora específica para robótica que o Brasil ainda não possui”.

Rogério Vitalli, fundador do I.A.R. (Instituto Avançado de Robótica®) | Foto: Divulgação

Durante o encontro, o I.A.R que já formou mais de 200 alunos entre eles Cleiton Leite Souza, também anunciou que pretendem adquirir mais um robô da Yaskawa/Motoman ao seu portfólio, o que marca o início de mais uma sólida parceria na empreitada de formar robotistas – a nova profissão da indústria avançada – por meio de projeto pedagógico exclusivo, patenteado pelo INPI e com atribuição no CREA-SP.

O saldo não poderia ser mais positivo. O que era sonho virou realidade. Cleiton comenta satisfeito que “ter organizado mais esse encontro foi algo incrível. Ver o interesse das pessoas em participar, e conhecer novas tecnologias para garantir o bem-estar e proteger as pessoas dentro das suas empresas, ou poder levar toda informação adquirida para os envolvidos, é a certeza absoluta de que estamos fazendo a diferença e contribuindo para a conscientização dos profissionais da indústria”.

Todos querem e de fato precisam entender, conhecer e se posicionar com relação à essa indiscutível temática da digitalização que abarca não apenas novidades tecnológicas digitais, mas sobretudo novos modelos de negócio, enfim um novo mindset. Para Cleiton “a principal diferenciação desse grupo são os membros que trazem vontade de ser útil e contribuir com o desenvolvimento do País.” Para 2019, tem planos de fazer mais encontros técnicos para atuar mais efetivamente no desenvolvimento dos profissionais, estruturação do grupo para escalar novas oportunidades e um congresso anual.

Podemos ir um pouquinho mais além e dizer que empreender qualquer iniciativa com propósito claro é o que faz a diferença. A paixão pelo que se faz também.

 

Vera Natale

Author Vera Natale

Sou consultora e especialista em Escrita e Comunicação Descomplicada. Ajudo empresas e pessoas a traduzir ideias e projetos em palavras fáceis de entender e comunicar no seu dia a dia, por meio de técnicas criativas.

More posts by Vera Natale

Leave a Reply