Sabe quando você lê uma notícia na “web” ou uma mensagem bonita de WhatsApp com a assinatura de “Fernando Pessoa” embaixo e manda para a frente por achar que é importante, bacana ou inofensivo e nem verifica se aquilo é verdade ou não? A educação midiática ajuda você a lidar com esse tipo de situação de uma outra forma.

Quem fala como com muita paixão e propriedade sobre isso é a querida jornalista educomunicadora, Marinella de Souza, que trouxe para esse episódio da série “Com a palavra”.

Bem resumidamente, a educação midiática ensina você a se relacionar com as informações que você recebe, consome, produz e divulga e tudo isso para você agir com mais responsabilidade e aprender a não propagar inverdades ou desinformação, mesmo que sem querer.

Aprendi com a Mari isso e muito mais. A educação midiática ajuda você a desenvolver sua criatividade, colaboração e pensamento crítico para você ser um real protagonista do que comunica.

Crédito: arquivo pessoal da Marinella de Souza.

A jornalista educomunicadora

Marinella se formou em jornalismo, mas antes de optar por essa carreira seus olhos brilharam pelas artes cênicas.

Ela até queria fazer curso na área, mas a opção não foi bem aceita por sua família. Então, começou a investigar como poderia se aproximar mais do teatro e acabou se deparando com a área da comunicação social que tinha pontos em comum com essa arte milenar – pessoas, sentimentos e histórias.

“(…) Entendi que seria o ideal para mim porque eu seria paga para escrever, contar histórias e mudar o mundo. Parecia o paraíso! Hahaha.

Na faculdade, fui compreendendo que a comunicação social é algo muito maior e impactante socialmente falando. E são muitos os caminhos que o profissional pode seguir. Eu trilhei o do jornalismo, que me encanta muito, pela possibilidade de ter contato com diversas realidades num mesmo dia. Isso amplia exponencialmente a nossa visão de mundo e nos faz seres humanos muito melhores, no meu ponto de vista”. (Marinella de Souza)

Desde que se formou, a Mari nunca mais largou a “comunicação” – ela já foi assessora de imprensa, redatora de veículos impressos (jornal e revista) e on-line, e também atuou em WebTV. Mas tinha uma voz interna que também sempre a acompanhava que era a educação.

Quando se tornou mãe é que esse “sussurro virou berro” (palavras dela) e ela partiu para estudar e se aprofundar no tema da educomunicação e se tornar especialista em educação midiática.

E toda a bagagem de atuação no jornalismo veio junto para somar:

“Como jornalista fui treinada a ouvir mais do que falar, ler as entrelinhas e decodificá-las para transformar em informação objetiva e de fácil entendimento.

Para além disso, conhecer a fundo o processo de produção da notícia, os diferentes gêneros textuais usados no jornalismo e as diferentes realidades sociais faz com que eu, como educomunicadora, consiga trazer esse conhecimento para as pessoas de uma forma mais didática e palatável”. (Marinella de Souza)

As suas principais referências e influências nesse caminho são os educomunicadores Alexandre Sayad e o professor Ismar de Oliveira Soares, que para ela é um “poço sem fim de sabedoria e lucidez”.  E também outras pessoas não menos brilhantes como Mariana Ochs, Patrícia Blanco, Daniela Machado e Mariana Mandelli, do Instituto Palavra Aberta e a irmã que é seu “porto seguro e exemplo de força, coragem e otimismo”.

Mudar o mundo é preciso e é possível

Dentre as conquistas de que mais orgulha estão justamente as ligadas ao jornalismo. São matérias de sua autoria que mobilizaram mudanças sociais e que significam muito para ela.

Por exemplo, a criação do caderno de Cultura do portal em que ela estagiou e que serviu de tema para o seu TCC sobre jornalismo cultural, ainda pouco explorado na época. E alguns anos depois, a matéria “contra o uso de álcool na adolescência que moveu a prefeitura a reforçar a fiscalização da legislação municipal.

Mas a conquista mais querida e que fortaleceu todo esse seu desejo de transformar o mundo chegou faz poucos anos.

Um divisor de águas chamado maternidade

Os caminhos que pretendia percorrer fizeram ainda mais sentido quando se tornou mãe da Elisa. Para ela, uma grande realização e sua maior missão de vida:

“Colocar um ser humano decente no mundo, com capacidade de enxergar além do próprio umbigo, respeitando a si e ao outro, sabendo fazer boas escolhas e manter bons hábitos é uma responsabilidade tremenda. Por isso, gosto de trazer dicas que funcionaram na minha casa e podem ajudar outras famílias, de falar dos desafios, da amamentação, da alimentação saudável, da criação neurocompatível, do respeito à infância e à adolescência e ao próprio ato de maternar”. (Marinella de Souza)

A maternidade se tornou, assim, a principal fonte que nutre o seu trabalho na educação midiática e ancora seu anseio de transmutar a realidade que a cerca. Por isso mesmo, está estruturando um novo negócio de consultoria para levar esse conhecimento de forma prática, para além das escolas – por exemplo, empresas, clínicas e o que mais estiver ao seu alcance.

Crédito: fotos do Instagram da Marinella Souza.

 “Mundo, mundo, mais vasto é meu coração”

Eu cheguei até a Mari pelo grupo de “Escrita Criativa e Storytelling” do Dimitri Vieira, que é uma comunidade muito acolhedora e um espaço de trocas ricas.

Nesse convívio virtual não só me aproximei da Mari como me conscientizei ainda mais da importância da educação midiática. E ela foi a madrinha-responsável pelo meu reencontro com esse assunto pra lá de necessário.

Aos poucos, também fui notando outros pontos de intersecção – amamos cozinhar, somos introvertidas e apaixonadas por escrita, comunicação, ensinar para transformar, e as coisas simples da vida como dar boas risadas com amigos e a família, ler um bom livro, tomar um café e de preferência acompanhado de um docinho, por que não?

E fiquei feliz de descobrir, ao fazer essa entrevista, que ela é fã do poeta Carlos Drummond de Andrade (1902 -1987) assim como eu. Aliás, o título dessa sessão do texto é parte de um poema famoso dele, o “Alguma Poesia” e uma pequenina homenagem ao que mais amamos em sua obra e que, nas palavras certeiras da Mari é o “poetizar a simplicidade”.

Ao ler os textos dela sinto que isso a influenciou positivamente. É sempre uma leitura deliciosa e não tem como ficar indiferente, sobretudo às crônicas ou contos da Mari.

Quando eu leio os textos dela é como se ela estivesse na minha frente falando comigo.

Inclusive, ela ganhou o primeiro lugar do “Prêmio Gelotí”(1ª edição), que o Dimitri realizou como forma de prestigiar os melhores conteúdos dos seus alunos. Leia o “Sucesso mesmo é ter tempo” e se deleite! 😉

Ela é dona de uma palavra forte e ao mesmo tempo suave que inspira e gera reflexões.

Com a palavra, Marinella de Souza

1.O que é educomunicação e educação midiática? E por que é importante saber sobre isso?

Marinella: Na verdade, são coisas diferentes que se complementam. Na prática, “educomunicação” significa dar espaço para que todos os indivíduos de uma comunidade educativa ou profissional soltem a voz e contribuam para a resolução de problemas, criando novos saberes coletivamente por meio das ferramentas de comunicação, tecnologia e arte.

O educomunicador é o mediador desses processos, aquele que faz a gestão democrática da comunicação e dos recursos disponíveis para a manutenção dos ecossistemas comunicativos. Duas de suas funções é o de educar para a mídia e pela mídia.

É aí que entra a educação midiática, que é o conjunto de habilidades das quais precisamos para interagir e criar no ambiente informacional de forma crítica e responsável e em todos os seus formatos: seja impresso, digital ou audiovisual.

2.Por onde começar a aprender? Serve só para crianças e jovens ou adultos também podem se beneficiar?

Marinella: Vou começar respondendo pelo final: não, educação midiática não é só para crianças e jovens, é para todos nós.

Qualquer pessoa que tenha um perfil ativo numa rede social, que leia jornal ou revista, ouça rádio ou podcast, assista TV, ou acompanhe o noticiário pela web precisa de educação midiática. E mesmo quem não faz nada disso, mas tem o WhatsApp no celular, também precisa.

Prova disso é o tanto de desinformação que vemos circular por aí, tomando cores de verdade e perpetuando o caos. Fora o discurso de ódio, a polarização e os golpes virtuais, cada vez mais comuns.

Tudo isso seria evitado se escola, meios de comunicação, lideranças políticas e religiosas, terceiro setor, empresários etc. se mobilizassem para popularizar a educação midiática, transformá-la em política pública.

Sobre por onde começar, eu acho fundamental aprender sobre gêneros jornalísticos – quando a gente consegue identificá-los com clareza, já elimina boa parte do problema. Desenvolver um certo ceticismo e aguçar a curiosidade para questionar as informações que recebemos também é muito importante.

O pensamento crítico é a peça-chave aqui e não deve ser confundido com crítica ou julgamento tampouco com mera curiosidade. Mas com um olhar questionador ou inquiridor.

“O mais importante é ler as notícias (de fontes oficiais ou não) com esse olhar: o que essa informação está me dizendo? Quem a produziu? Com que interesse? Eu consigo checar fontes e dados? Eu concordo com isso? Que dúvidas essa informação me traz?” (Marinella de Souza)

Há muitos perfis nas redes sociais que trabalham esse assunto, os exemplos que uso como referência são: “Educamídia”, “Instituto Palavra Aberta”, “Redes Cordiais, “Vaza, falsiane”, ABPEducom”, entre outros.

3.Pensando em jovens e crianças, qual o papel da família nesse aprendizado e como a família pode ajudar?

“Antes de ensinarmos as crianças, precisamos preparar seus pais para esse novo saber. A maioria dos pais de hoje faz parte do grupo de ‘imigrantes digitais’, ou seja, aquele pessoal como eu e você, que viveu um mundo analógico e aprendeu a pilotar esse avião da tecnologia em pleno voo.” (Marinella de Souza)

Isso quer dizer que não tivemos preparação na escola ou na faculdade para isso e precisamos ser proativos nesse movimento de busca por esse conhecimento.

Salvo raras exceções, fazemos um uso instrumental da ferramenta e vivemos com ela uma relação de amor e ódio, focamos nos inúmeros pontos de atenção que a internet requer, mas esquecemos do enorme potencial que ela é. E isso é um erro.

Também é preciso que os pais façam um exercício de aproximação do universo infantojuvenil para criar uma conexão genuína com seu filho. Gosto de brincar que a gente fica tão preocupado com o engajamento nas redes sociais que se esquece de engajar o nosso maior público: nossos filhos.

O que isso significa? Buscar conhecê-los na íntegra e entender como funciona seu processo de aprendizagem, o que lhes atrai, quais suas paixões e suas dores, mas sem fazer qualquer juízo de valor.

A educomunicação e a comunicação não violenta podem ser bem úteis nesse processo. A partir daí, conseguiremos pensar em abordagens que sejam, realmente, eficientes.

4. Pensando em adultos, como saber se estou no caminho certo? Qual o termômetro?

Marinella: O caminho certo é sempre a checagem. A gente precisa sair do lugar de receptor passivo de mensagens e assumir o protagonismo nesse processo.

A comunicação depende de emissor e receptor ou receptores. Não existe verdade absoluta, precisamos tirar da cabeça a ideia de que “tá na web é verdade”. Lembra daquele papo de antigamente de que “papel e caneta aceitam qualquer coisa”? No ambiente digital é a mesma coisa: qualquer um pode escrever qualquer coisa aqui.

A gente precisa entender que o mundo mudou e nossa relação com as mídias e com a informação precisa amadurecer e se transformar também. Não estamos mais num contexto de cultura de massas em que um pequeno grupo controlava toda a informação que recebíamos, a cultura digital nos colocou em um lugar em que todos produzem informação para todos.

Aceitar tudo passivamente não cabe mais na nossa realidade se quisermos assumir uma postura mais coerente com os novos tempos. Vivemos a era da informação e precisamos aprender a lidar com ela, “separar o joio do trigo”. E como fazer isso?

“Questionando tudo que recebemos, procurando fontes oficiais, fazendo uma análise crítica, ou seja: primeiro analisar objetivamente, depois entender quem está por trás das notícias e quais interesses elas escondem e aí, sim, colocar a subjetividade no processo e tirar as próprias conclusões.” (Marinella de Souza)

O jornalismo profissional é o melhor lugar para procurarmos informações sérias, o que não significa que seja um oráculo com todas as respostas. Ao contrário, quando bem-feito, ele provoca perguntas. Somos nós que precisamos buscar as respostas, isso é autonomia e senso crítico.

A diferença entre o jornalismo profissional e as notícias aleatórias que circulam nas redes sociais é que no primeiro há uma apuração séria, provas são apresentadas, fontes identificadas. Claro que há jornalista mau-caráter porque a maldade e a ganância não escolhem profissão, mas quando a gente é protagonista no processo de comunicação, fica fácil identificar esse tipo de coisa.

E também não podemos confundir a desinformação provocada por um erro jornalístico com “fake news” que é intencionalmente forjada para prejudicar alguém ou algum grupo.

O processo de produção da notícia é feito por seres humanos que erram e acabam produzindo desinformação. É ruim? Claro que é! Compromete todo o processo de transmissão de informação, coloca a já combalida credibilidade da imprensa em xeque, mas está longe de ser a mesma coisa do que uma mentira, uma história inventada com o único propósito de atacar alguém.

5. Quais as principais habilidades a serem (re)aprendidas ou até desaprendidas durante o processo de educação midiática? E como colocá-las em prática?

Marinella: Primeiro, entender que não existe manipulação da mídia se estivermos preparados para entender seus códigos e processos. Depois, compreendermos que quem nos encaminha uma mensagem pelas redes sociais nem sempre é o autor delas, muitas vezes estão repassando um engodo com a melhor das intenções porque também foram enganados.

É preciso treinar o olhar e exercitar o senso crítico antes de acreditar ou repassar uma informação adiante. A desinformação tem muitas nuances, por vezes sutis e não-intencionais outras vezes deliberadas, por isso, precisamos estar atentos e criar o hábito do ceticismo saudável, ou seja, aquele em que você acredita duvidando e vai atrás de confirmar o que está sendo transmitido.

“Talvez o mais importante nisso tudo seja desaprender a passividade diante da informação e começar a sair daquela informação para buscar dados que a comprovem ou não. Recebeu uma notícia pelo celular? O primeiro passo é verificar se aquela informação bombástica está em veículos tradicionais ou fontes oficiais porque o seu primo não tem mais acesso a informações do que a imprensa. Se for verdade, será hora de procurar aquela informação em veículos de vieses diferentes e depois tirar as suas conclusões, mas com embasamento.” (Marinella de Souza)

Thayanne Lima do Emociona-te, perfil de educação emocional, convidou a Marinella para falar de “Como a educação midiática pode contribuir com a nossa vida emocional”. Vale assistir na íntegra e é só clicar nesse link – https://bit.ly/3FybJPj.

6. Estar atento ao que a educação midiática ensina e praticar no dia a dia representa o quê do ponto de vista pessoal e social?

Marinella: Do ponto de vista pessoal, a educação midiática nos dá mais segurança para usar a web de um jeito saudável, assertivo e enriquecedor, no dá protagonismo no nosso processo de troca de informação.

Do ponto de vista social ela contribui para a manutenção da democracia, na medida em que desenvolve a cidadania e não abre espaço para polarizações, para o crescimento de estereótipos reducionistas, para o negacionismo científico, para preconceitos de qualquer espécie nem para a manutenção da opressão de minorias.

Quando a gente se compromete com a educação midiática entende a importância da pluralidade, da multiplicidade de vozes ao nosso entorno e começa a cobrar isso das instituições.

Há pouco tempo vi uma notícia de que os pais estão começando a cobrar das escolas particulares que tenham mais negros em seus corpos docentes. Isso é incrível e fruto de um debate que vem crescendo nas redes, na imprensa, no entretenimento.

Um dos pontos mais importantes da educação midiática é fazer a gente sair da nossa bolha e seguir quem pensa diferente para que nossa visão de mundo seja ampliada. O que, obviamente, não significa seguir perfis que afetem a nossa saúde mental, é preciso estabelecer um limite que não exclua todo e qualquer pensamento diferente do nosso, entende?

Assim como na rua há regras de trânsito e de cidadania, na web é a mesma coisa, precisamos seguir regras para uma navegação segura e manter as “ruas” limpas e seguras para todos.

“Esse é um compromisso de cada um de nós porque qualquer legislação que vise controlar a disseminação de notícias falsas, por exemplo, vai esbarrar na questão da liberdade de expressão. O que precisa virar política pública é a educação midiática, quando ela for naturalizada e incorporada, de fato, por todos os cidadãos, a desinformação, a polarização, o discurso de ódio e todas essas obscuridades que o anonimato da internet trouxe à luz serão reduzidas a pó.

Estamos longe desse mundo ideal, mas não podemos esmorecer. Lembrar sempre de que a educação midiática é um pacto social.” (Marinella de Souza)

7. Quais as principais dicas que você daria para quem quer aprender mais sobre educação midiática?

Marinella: No final do ano passado eu fiz um post elencando algumas metas importantes para o ano que se aproximava. De forma resumida:

8. Nesse mundão digital, não apenas consumimos muito conteúdo, mas também produzimos. O que é mais importante de eu saber na hora de escrever um conteúdo e distribuí-lo seja nas redes ou em e-mails ou conversas no WhatsApp?

Marinella: Entenda o que você pretende com aquela mensagem: criticar? Elogiar? Compartilhar um aprendizado? Passar uma informação? Divertir? Entreter?

Uma vez que a intenção da mensagem esteja clara, é preciso refletir:

  • Esse assunto interessa a quem?
  • Como meu conteúdo pode agregar para esse grupo de pessoas?
  • E mais: o que você escreveu fere alguém (pessoa, etnia, grupo social, religião etc.)? Se sim, essa mensagem é, realmente, necessária?
  • Ela pode ajudar alguém, de fato, vai ofender alguém ou só vai massagear o seu ego?
  • Se for para ajudar, vale reescrever de um jeito menos ofensivo, expor a sua opinião de forma gentil e estar aberta aos contrapontos que, certamente, virão.
  • Nesse ponto vale prestar atenção para não cancelar ou ofender marcas e pessoas, produzindo ou disseminando discursos de ódio, falas preconceituosas, por exemplo.

9. Qual sua relação com o mundo da escrita, “amor ou guerra”?

Marinella:  De amor eterno, sem dúvida! Eu não sei existir sem escrever. E quando falo isso é porque eu não conheço a vida sem a escrita, entende? Meu primeiro poema foi recitado aos 5 anos, antes de saber escrever: olhei para o céu e o meu fascínio pela lua e pelas estrelas fez a arte fluir.

Por sorte, meus pais entenderam a grandeza daquele momento e passaram a me incentivar. Lembro até hoje do caderno vermelho de capa dura que fizeram para mim! E o dia em que ele me foi passado foi o passaporte para a vida que eu queria.

É na escrita que me encontro, me realizo, me conserto, me organizo. Sempre que preciso de prumo, pego um caderno e escrevo como se não houvesse amanhã (hahaha). Eu amo escrever com cada célula do meu corpo e isso nunca foi difícil pra mim.

É um processo bem natural, sabe? Acho até um defeito do ponto de vista de produtora de conteúdo: eu não consigo planejar meus conteúdos, apenas sento e escrevo. O problema disso é que quando não sobra tempo ou inspiração, fica uma lacuna que os “gurus do marketing” desaprovam totalmente. Mas estou trabalhando nisso e tentando me organizar melhor nesse sentido.

Escrever para mim é prazer e é também a forma como eu consigo contribuir com o mundo – escrever e falar, claro! Essa é outra paixão, que também começa na escrita. Sempre que vou gravar um vídeo, participar de uma “live” ou dar uma palestra, tenho um texto-base com a mensagem que quero passar dentro daquele assunto.

10. Se você tivesse que conversar com um(a) escritor(a) qual seria, por qual razão e o que você gostaria de falar ou perguntar a ele(a)?

Marinella: Pergunta difícil essa… mas acho que seria o Drummond por sua habilidade de “poetizar a simplicidade”. Isso é algo que eu valorizo demais, acho que nada mais elegante e inspirador do que a coisa simples, fluida, suave. Sou fã demais! Gostaria de compartilhar isso com ele e dividir as impressões da vida, saber como poetizar a realidade de hoje… rsrs.

Dicas da Marinella

Livros: este ano escolhi priorizar ficção, então, vou indicar todos da série “As sete Irmãs”, da Lucinda Riley: uma saga envolvente de sete irmãs adotivas em busca da própria identidade. É uma leitura muito gostosa, bem contextualizada que nos transporta para muitos lugares e momentos históricos

Link para saber mais sobre o livro – https://amzn.to/3kSe9zV

Outro livro que me marcou demais na adolescência e diz muito dos rumos que eu tomei na vida é o “Cidadão de Papel”, do Gilberto Dimenstein. Um choque de realidade impactante para alguém de 14 anos e uma oportunidade incrível de reflexão para qualquer pessoa.

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Documentários:

“O começo da vida”

 

“Nunca me sonharam”

Ambos falam sobre a importância de tirarmos crianças e jovens da invisibilidade. Esse é o melhor caminho para evitar que todas as mazelas sociais que nos assombram hoje sejam perpetuadas nas próximas gerações.

Frase ou palavra que a inspira

“Palavra são três: comunicação, colaboração e amor. Sem essas três coisas nada de bom acontece.

Quanto à frase, gosto de uma simples que pode parecer até meio boba, mas diz muito sobre a forma como eu levo a vida: “devagar se vai longe”. É bem na contramão do que se espera de um cidadão do século 21 em que a falta de tempo é tão glamourizada, mas essa é a minha estratégia, é só assim que sei viver.

Nunca fui a pessoa que precisa estar no agito 24h por dia, gosto da calmaria e acredito que devagar a gente consegue aproveitar melhor a jornada, sabe? Sentir todas as temperaturas e sabores, apreciar os movimentos, os gestos… a felicidade, para mim, mora aí.” (Marinella de Souza)

Espero que sua leitura da entrevista com a Marinella de Souza tenha lhe inspirado para você ser protagonista da sua comunicação!

Acompanhe os conteúdos dela aqui no LinkedIn, no seu Instagram ou no perfil que ela criou para falar de Mídia na Família e siga aprendendo mais com essa profissional incrível.

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Esse foi o 7º episódio da minha série de entrevistas “Com a Palavra”, originalmente publicada no LinkedIn.

Imagem de capa: imagem do arquivo pessoal de Marinella de Souza, editada no Canva.

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Confira as entrevistas anteriores da série “Com a palavra”

#1 Vanessa Cioffi – “Saiba como o autoconhecimento pode te ajudar a se comunicar melhor”

#2 Maria Vitória“Conheça o poder transformador da escrita”

#3 Esdras Pereira“Quando as palavras tocam o leitor e “não voltam vazias”

#4 Patrícia Capeluto“Quer fazer a diferença na sua comunicação? Esqueça suas certezas, seja curioso”

#5 Laíze Barros“Entenda por que vale a pena embarcar na jornada do autoconhecimento

#6 Priscilla Couto“Evoluir na carreira pode ser mais fácil do que você imagina”

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Vera Natale

Author Vera Natale

Sou consultora e especialista em Escrita e Comunicação Descomplicada. Ajudo empresas e pessoas a traduzir ideias e projetos em palavras fáceis de entender e comunicar no seu dia a dia, por meio de técnicas criativas.

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