É por meio da habilidade de comunicar  que interagimos com as pessoas, seja no seu universo pessoal ou profissional, trocamos experiências, conhecimentos, afetos e desafetos também.

Porém, quando você diz ou escreve frases aparentemente simples como essas – “Nós dois ganhamos! Mas precisa ser agora. Vem?” – isso não garante que o outro irá te entender exatamente como você gostaria.entre quem emite a mensagem e quem a recebe existem vários elementos para se considerar e qualquer problema nesse processo gera falhas ou os chamados ruídos de comunicação.

Esses ruídos são elementos que causam interferência no processo da comunicação de uma mensagem, prejudicando o entendimento e o diálogo entre quem emite a mensagem (emissor) e quem lê ou ouve (receptor ou destinatário). Eles podem gerar mal-entendidos e sentimentos negativos como frustração de expectativas, decepção, mau-humor, etc.

Mas que ruídos são esses e como evitá-los?

Destaco os principais:

1. Físicos

São interferências externas como: sons de trânsito, barulho de construção, do ar-condicionado, do vizinho, som de música alta, telefone tocando, sinal ruim de internet, muitas pessoas conversando ao redor, etc.

São difíceis de contornar, já que normalmente acontecem independemente da sua vontade. Mas dá para você fazer algumas coisas e diminuir o incômodo:

  • Obviamente se possível, se você vai ter uma reunião on-line e puder escolher, opte por um horário em que haja menos barulhos no seu ambiente;
  • Tenha sempre em mente um plano B, caso a Internet venha a falhar;
  • Se a conversa for difícil, escolha um lugar o mais tranquilo possível;
  • Para se concentrar melhor, no caso da comunicação escrita, usar um tampão de ouvido (protetor auricular) reduz significativamente esses ruídos. Um fone de ouvidos para ouvir suas músicas favoritas e que te acalmam também vale.

Há vários canais e aplicativos para sintonizar, desde os mais conhecidos como YouTubeSpotifyDeezer, e talvez outros menos conhecidos como o Radio Garden – projeto holandês gratuito que visa diminuir as fronteiras através do acesso, em tempo real, a diversas rádios espalhadas pelo mundo.

Crédito: Giphy

2. Fisiológicos

Referem-se à condição física do emissor ou receptor que prejudicam, pois, tiram sua atenção seja para escrever um e-mail, uma mensagem de WhatsApp ou simplesmente falar com o outro: deficiência visual, auditiva, além de outras do emissor ou destinatário como dor de cabeça, dor muscular ou cansaço, fome, ou qualquer outro desconforto.

Como evitar?

  • No caso de se comunicar com alguém que tenha alguma deficiência auditiva, uma dica é falar mais pausadamente, para que a pessoa possa fazer a leitura labial. Há aplicativos que facilitam nessa comunicação.

Nesse link, você pode ver algumas dessas opções, incluindo soluções para pessoas com problemas de visão, de paralisia, esclerose, entre outros – https://bit.ly/37mT4HC

  • E se você não está se sentindo bem, devido a algum desconforto físico, se possível adie a conversa ou deixe para escrever o que você precisa em outro dia e explique ao seu interlocutor, a quem você está endereçando a mensagem, os motivos. Isso traz mais transparência para o processo da comunicação.

 3. Psicológicos 

Dizem respeito a aspectos da sua personalidade e seu humor ou estado de espírito/ânimo como falta de foco e concentração devido a uma preocupação pessoal; preconceitos não declarados; sentimentos como raiva, tristeza, etc.

O que fazer?

  • Quanto mais você investir em se autoconhecer, melhor você irá identificar como lidar com situações difíceis e com quem estiver ao seu redor, ou envolvido nesse contexto.
  • Ajustar seu tom de voz ou escolher melhor as palavras para evitar os possíveis mal-entendidos, é outro recurso muito útil para não afetar o outro desnecessariamente;
  • Reconhecer o seu humor também ajuda a refletir mais na hora de se comunicar, pensando no impacto que irá causar no ouvinte/leitor.

O que foi dito no item anterior (ruídos fisiológicos), também é válido – quando não estiver se sentindo bem psicologicamente, e se possível, deixe conversas difíceis ou e-mails mais complexos para fazer em outro dia.

Crédito: Tenor

4. Semânticos 

Esses tipos de ruído acontecem especialmente quando o emissor da mensagem usa uma linguagem com termos desconhecidos ou difíceis de entender, desconsiderando como isso irá afetar quem irá receber a mensagem.

Isso dá margem a interpretações equivocadas do que está sendo dito ou veiculado, já que o ouvinte ou leitor não entende o real significado das palavras e expressões. Há quem o considere um dos ruídos mais importantes.

Alguns exemplos que dificultam a comunicação:

  • Uso de vocabulário típico de uma determinada área ou grupo de profissionais, por exemplo, jargão de economista (economiquês), ou de advogados (juridiquês), do setor de TI, finanças, etc;
  • Regionalismos;
  • Uso excessivo de termos técnicos e de abreviaturas;
  • Uso de termos em outro idioma e sem a devida tradução;
  • Repetição desnecessária de palavras na mensagem o que acaba interferindo na clareza;
  • Falta de coerência, por exemplo, começar a falar de um assunto e depois partir para outro que não tem nada a ver, sem concluir o anterior, etc.
  • Escrever em CAIXA ALTA (letras maiúsculas), que normalmente significa que a pessoa está “gritando”, alterada.

Como resolver?

  • Seja objetivo

Vá direto ao ponto, mas não se esqueça de ser gentil! Usar um “por favor”, “por gentileza”, pode parecer formal, mas, especialmente nos ambientes corporativos, faz toda a diferença especialmente na linguagem escrita em que você não tem a oportunidade de ouvir o tom de voz, olhar a expressão facial e corporal do emissor da mensagem.

  •  Seja claro

Mais do que simplesmente escrever ou falar é preciso que o outro me entenda. Então, ser claro e usar uma linguagem simples que outro também conhece, para ficar na mesma página, ajuda e muito.

  •  Seja breve

Muitas vezes, as pessoas não têm tempo para ouvir conversas demoradas ou ler  e-mails longos. Então, ser mais conciso/resumido nas mensagens, ajuda não apenas a tornar a mensagem mais objetiva, mas a economizar o tempo do outro. Isso também aumenta a oportunidade do interlocutor(a) prestar mais atenção e não divagar enquanto você se comunica com ele.

Crédito: Andrea Piacquadio no Pexels

Vale lembrar que se comunicar não é apenas transmitir uma mensagem. Vai além. É trocar, se relacionar com o outro, gerando uma conexão.

Comunicar, vem do latim communicare e quer dizer “tornar comum”. Isso significa que para o processo da comunicação acontecer eu preciso necessariamente do outro.

Mas para que essa conexão ocorra é fundamental lembrar que uma mensagem, seja falada ou escrita, também traz à tona a intenção do emissor da mensagem e o impacto que o emissor causa no outro, seja consciente ou não – informar, persuadir, emocionar, educar, aconselhar, divertir, seduzir e por aí vai.

Isso significa que todo ato de comunicação está atrelado:

  1. A essa intenção que varia conforme as motivações, necessidades e sentimentos do emissor;
  2. E ao impacto de quem recebe, que irá interpretar de acordo com seu momento e “filtros/lentes” com que vê o mundo, e considerando seus próprios interesses, sentimentos e necessidades, muitas vezes completamente diferentes do emissor.

É, como costumo chamar, um caminho de mão dupla. Por isso, é importante priorizar nesse processo a empatia, além de facilitar a vida do ouvinte/leitor, para promover uma experiência positiva, se livrando tanto quanto possível dos tais ruídos.

Voltando à frase inicial desse artigo. “Nós dois ganhamos! Mas precisa ser agora! Vem?”

Se fosse uma frase falada, dependendo do tom de voz, provavelmente causaria confusão. Se fosse por escrito, talvez não fosse gerar a tal da conexão ou o interesse do outro.

Pois, embora seja bem objetiva, falta o contexto, explicações mais coerentes. – é algo ilícito, prazeroso, a melhor oportunidade da vida, uma chance de se dar bem, não importando a que preço?

Já diria o Chacrinha, famoso comunicador e apresentador de TV na década de 1980 – “Quem não se comunica se trumbica”! Ou seja, quem não se atenta que o básico da comunicação é estabelecer essa troca com o outro, pode se dar mal, deixar crescer os tais ruídos indesejados e não conseguir uma conexão autêntica com seu público.

O que você faz para não se trumbicar?

Crédito: Giphy
Crédito da imagem de abertura: Canva.
Vera Natale

Author Vera Natale

Sou consultora e especialista em Escrita e Comunicação Descomplicada. Ajudo empresas e pessoas a traduzir ideias e projetos em palavras fáceis de entender e comunicar no seu dia a dia, por meio de técnicas criativas.

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