Alcançar uma vida feliz e equilibrada em tempos complexos, caóticos e incertos parece cada vez mais um sonho distante ou impossível. Em geral, a sociedade faz acreditar que você só vai poder ser feliz após encontrar o emprego dos sonhos ou o amor da sua vida, ou quem sabe ganhar na loteria, por exemplo. Por outro lado, há a “positividade tóxica” que faz você pensar que tudo só depende de você, bastando seu esforço para produzir mais e alcançar o sucesso a qualquer preço.

Será que é possível fugir da influência desse cenário? Ou o famoso ditado “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” é a nova lei?

A convidada deste episódio, Flávia Lippi, não só acredita em uma real transformação humana como criou um método e plataforma própria, “A Equação”, onde cada pessoa tem autonomia de se reconectar com as suas profundezas, mergulhando no mais profundo do ser para calcular a sua equação de vida. Uma vida que a faça florescer para a felicidade que nasce dentro de si, não a felicidade que depende da conta bancária, do cargo do seu trabalho ou de qualquer outra necessidade externa.

Mas, engana-se quem pensa que é uma fórmula universal ou receita com o passo a passo de “A a Z” que pode ser aplicada a todos indistintamente. A “grande sacada” dessa equação é que ela é diferente para cada um.  Considerando que cada ser humano é único, a equação vai sendo alterada ao longo da sua jornada de vida, conforme seu momento, novas necessidades e destino desejados. Como se fosse um GPS só seu!

Os pilares norteadores desse método se baseiam em conhecimentos científicos e milenares para acessar as profundezas do seu ser – corpo, alma e mente. Assim, o convite da Flávia é para que todos e todas sejam cientistas de si mesmos para transmutar e despertar para uma vida mais plena, diminuindo automatismos e estresses desnecessários.

É muita sabedoria compartilhada de um jeito simples e fácil de entender! Vem junto com essa “alquimista de pessoas” aprender mais como se tornar uma cientista de si! 😉

A menina da carpirintite 

Flávia é mineira, nascida em Belo Horizonte, filha do seu José Raimundo Lippi, psiquiatra, e Ligia Ladeira Lippi, artista plástica e administradora, que são sua principal referência e influência de cordialidade, força, ação e compaixão, e pelo qual é profundamente grata.

Sua família sempre soube estimular a sua mente irrequieta e sedenta por se expressar e fazer a diferença nesse mundo. Inclusive, a avó Lila, apelido carinhoso da dona Luzanira, quando via Flávia se remexer na cadeira, sabia, perspicaz, que aquele comichão era sinal de que a imaginação e o pensamento estavam em ebulição na cabecinha da neta e batizou essa manifestação de “carpirintite”, de estar com “bicho-carpinteiro”.

Caminhos paralelos e despertares

Toda essa energia a fez querer ser astronauta, marceneira, engenheira, mas acabou optando pela faculdade de jornalismo “pela possibilidade de trazer à tona, ideias, movimentos, conceitos que poderiam impactar o mundo positivamente” e assim o fez.

Foi mais de 20 anos trabalhando como jornalista  na TV Cultura e outras mídias, incluindo o “Repórter Eco”, programa jornalístico especializado em meio-ambiente e sustentabilidade para contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas do qual foi uma das criadoras.

É uma conquista querida da qual se orgulha muito até hoje, assim como sua participação na Conferência Rio Eco-92, uma das principais conferências ambientais do planeta, realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

“Sempre fui apaixonada por ciência e tecnologia e essa editoria, aliada a sustentabilidade humana, sempre me norteou. E esse sempre foi meu papel no Repórter Eco.” (Flávia Lippi)

Nesse meio-tempo, não abandonou, porém, sua vontade de concretizar novos empreedimentos – foi dona de spa e agência de comunicação, outlet de luxo, enfim, abriu e fechou vários empreendimentos – mais de 10!

Desde os 17 anos, trabalha com seu pai e fundou, ao lado dele, o IDHL (Instituto de Desenvolvimento Humano Lippi) que atende pessoas e empresas e também tem um braço social voltado às comunidades carentes – “trabalhamos juntos com o objetivo de diminuir as dores da alma humana”, comenta.

Nessa mesma idade se interessou por yoga, meditação e não parou mais. Se formou como terapeuta ayurveda, foi à Índia várias vezes, morou em templos, conviveu com monges e vive uma vida praticamente monástica desde 2015 em sua chácara nos arredores de São Paulo.

Ela faz valer a máxima de “fazer o que prega” (Walk the talk) – planta, colhe e cozinha seus próprios alimentos, quando não tem uma live ou evento agendado, em geral, dorme quando anoitece e se levanta um pouco antes do nascer do sol, não possui aparelho de TV em sua casa, entre outras.

“Eu me considero uma yogini moderna, vivendo no planeta e me misturando a tudo e todos. A consciência de saber que meu corpo é meu templo e minha morada, que o instante é eterno e, ao mesmo tempo, fugaz, me deixa confortável nas práticas milenares que podemos resgatar e adaptar ao mundo moderno.” (Flávia Lippi)

“A vida é constância e não intensidade”

Com tantas experiências vividas teve chance de testar mais de uma vez o valor da “Equação” por ela criada. A mais contundente foi em 2017, quando a morte quase a pegou.

Foi picada por Chikungunya que desencadeou a síndrome de Guillain Barré, uma doença autoimune, ou seja, que faz o corpo atacar o sistema imunológico e o sistema nervoso central, causando paralisia.

Ficou três meses prostrada, tetraplégica, perdeu memória, não lia, não escrevia e não tinha nenhuma previsão de sair bem da doença.

Nesse momento de maior caos pôde testar, sem querer, uma vez mais o poder da “Equação” e comprovar o valor da constância de atitudes e comportamentos saudáveis e dos bons relacionamentos, entendendo qual o real significado da sua vida.

“A vida é constância e não intensidade”, de sua autoria, resume bem esse entendimento.

 Felizmente, conseguiu se recuperar 100% e tem hoje muita clareza dos aprendizados da sua jornada até o momento presente:

“(…) Nunca tente controlar a vida. É perda de tempo e desperdício de energia. Todos os dias eu aprendo e desaprendo. (…) Como disse, sou apaixonada por tecnologia e todas às vezes que aparece algo novo, estou lá, estudando, aprendendo, testando e claro, são essas pessoas recém-chegadas no planeta que me ensinam.

Ao mesmo tempo, vejo que nossos dramas humanos são sempre os mesmos e que ainda precisamos muitooooo desenvolvimento para que possamos conviver com a gente mesmo e os outros em harmonia.”

 A tecnologia humana mais linda e que devemos sempre resgatar e aprender com ela, é a compaixão, o desejo imenso de compartilhar os saberes.” (Flávia Lippi)

“Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta”

Essa conhecida frase é do psiquiatra Carl Gustav Jung (1875-1961) e ilustra muito bem os anseios da menina da carpirintite curiosa.

Apaixonada pela vida, pelas pessoas, animais, natureza, histórias, imagens e a vida espiritual, não se cansa de querer conhecer o mundo e compartilhar o que sabe. Está sempre disposta a embarcar em jornadas – seja para terras distantes, restritas ao perímetro do seu bairro, ou ainda ao seu universo interno.

“A ciência e a tecnologia me fascinam de uma tal maneira que mergulho em estudos aleatórios pelo prazer de conhecer o novo. (…) viajar está no meu DNA. Na verdade, eu mesma sou bemmmm aleatória.” (Flávia Lippi)

Por isso mesmo, tem sempre em mente projetos para concretizar. Em breve, reabrirá sua casa novamente para imersões presenciais e apenas 12 pessoas ao ano.

Tem surpresa tecnológica vindo aí, mas ainda não pode revelar nadinha. O que pode falar é da viagem programada para novembro deste ano rumo à Amazônia e que fará acompanhada de seu pai, que atualmente está com 87 anos. Eles irão visitar os ribeirinhos e indígenas amazonenses para atendimento em saúde mental.

Pausas e acolhimentos

Eu conheci a Flávia em uma aula- bônus do curso do Murilo Gun, “Reaprendizagem Criativa” que adquiri em dezembro de 2019 e foi um grande marco em meus aprendizados.

Eis que coincidência ou não do destino a reencontro no “Workshop para líderes”, em março de 2020, idealizado pela querida Laíze Damasceno 🏳️🌈 do Marketing de Gentileza.

Era para ser um evento de um dia, presencial, e acabou se estendendo por 3 meses no virtual, em virtude do lockdown da Covid que acabara de se instaurar no planeta.

Foi a primeira vez que ouvi falar de biohacking que ela vai explicar logo mais (😉), cronobiologia, human skills (habilidades humanas), e outras coisas bem interessantes. Me identifiquei de cara com os assuntos que ela tratava e passei a segui-la de pertinho.

Tornei-me uma “equacionada” e estou sempre aprendendo algo novo na plataforma que hoje contém mais de 220 horas de conteúdo e aulas ao vivo com ela. Aos poucos, fui também descobrindo que temos em comum a curiosidade, o amor pela natureza, animais e pessoas, amamos ler e escrever e somos praticantes de yoga, entre outras.

Sabia do valor das pausas nas práticas de yoga, mas a Flávia ensinou sobre como aplicá-la no meu dia a dia de um modo muito simples e eficiente. Sem contar o aprendizado de como a música na frequência Fibonacci pode ajudar na concentração na hora de escrever, por exemplo.

A lista preparada por ela no Spotify tem cerca de 140 horas e já está entre as minhas favoritas, faz um tempão. Dá uma conferida!

Ouvi também, pela primeira vez com ela, sobre uma pesquisa da Universidade de Harvard sobre a chave da felicidade e da saúde humana e que durou 75 anos. Nessa pesquisa, eles descobriram que o fator que garante o nível de saúde física e mental (felicidade incluída) são as relações pessoais.

Quem cria laços fortes com outros seres humanos vive mais e melhor, pois o maior sucesso de nossa vida está no afeto. Isso é forte e talvez uma das lições mais valiosas que aprendi com a Flávia e sou muito grata por isso.

Espero conhecê-la ao vivo e em cores para dar meu abraço e receber o dela, “abraçadora profissional aposentada pelo coronavírus”, como ela mesma diz. 😊💖

Agora, convido vocês para ficarem com a palavra da querida Flávia Lippi!

Com a palavra, Flávia Lippi

1. O que é biohacking e biohacking raiz ou biohacking ancestral?

Flávia Lippi: Biohacking ancestral é um mapa de autoconhecimento que penetra nas camadas mais profundas do seu ser e pode te despertar para a plenitude. O objetivo é você aprender que a vida plena você não procura, você não compra, você não encontra. Você desperta para uma vida plena!

Esse segredo milenar é uma mudança brusca de percepção. Uma disrupção do pensamento. Uma mudança do modelo de interpretação da realidade que pode te despertar para quem (ou o quê) está te mantendo adormecido, dopado, anestesiado, frustrado. E te impedindo de viver a vida que você merece.

A tecnologia ancestral, está recheada de ensinamentos. Eu apenas me conecto a esses ensinamentos, como meditação, ayurveda, psicologia ayurveda e outros e os utilizo no mundo de hoje.

Quer ver? Você pode sofrer de insônia. Daí, você pode resolver com remédios para dormir ou aprender a meditar como um yogui moderno. Ou, você não tem foco e pode recorrer às modinhas perigosas de ritalinaadderall e staks, sem nem consultar um médico, comprando por sua conta e risco.

Mas, se você tem o conhecimento de um biohacker ancestral, você vai se valer de nootrópicos (substâncias com ação cerebral) ancestrais como a “Ashwagandha”, erva milenar considerada o ouro da medicina ayurveda, e banhos gelados como os monges fazem nas montanhas do Himalaia.

“E a gente não para por aqui não, a gente pode meditar, hackear Buda, hackear Sócrates, hackear Gandhi e definitivamente iniciar uma jornada profunda, corajosa e plena de nos tornarmos mestres de nossas entranhas, senhor de nossas emoções, sábio de nossas posições e pleno de nossa experiência de viver.” (Flávia Lippi)

2. Como o biohacking pode ajudar pessoas a viverem melhor? Quais os benefícios?

Aprendendo a ser ‘cientista de você’.” (Flávia Lippi)

Eu falei em biohacking ancestral e para facilitar o seu entendimento vou explicar o conceito de HACKEAR.

Muitas vezes, HACKEAR é associado negativamente como o ato de invadir algum sistema de forma criminosa. Mas, na verdade, HACKEAR significa ter um conhecimento profundo sobre um sistema para otimizar seu funcionamento.

Um hacker acessa informações e faz modificações inteligentes nos aspectos mais internos e pode obter efeitos extraordinários que extrapolam o funcionamento normal dos sistemas.

Inicialmente, limitamos esse conceito às novas tecnologias e avanços modernos. Mas a verdade é que o corpo humano ainda é o sistema mais complexo do mundo.

O biohacking é a arte de potencializar seu corpo, sua alma, sua mente e seu ambiente para experiências e capacidades mais otimizadas. Essencialmente, é qualquer transformação para impactar de forma positiva sua biologia ancestral.

biohacking pode melhorar tudo, desde o seu humor, bem-estar, níveis de energia, até reduzir o nevoeiro cerebral e a ansiedade. Todas essas coisas dependem de estados mentais e emocionais transitórios.

E eles, por sua vez, dependem da sua bioquímica, ou seja, das transformações químicas que acontecem no seu próprio organismo. Você pode manipular a bioquímica do seu corpo para obter mais coisas que quer e menos coisas que não quer. Sabe como?

Por muito tempo negligenciamos e terceirizamos o controle da nossa vida e da nossa saúde:

  • Por que as meta anfetaminas viraram uma febre?
  • Por que existe uma epidemia de obesidade?
  • O que nos faz sentir lentos?
  • O que causa nossa doença?
  • Como podemos melhorar?
  • Para que ser produtivo 24h?

Tudo perguntamos aos outros. Ao Google, aos influenciadores digitais, médicos, falsos gurus, coachs mirabolantes, mágicos empreendedores… Será que crescer é isso?

A proposta do biohacking ancestral é você perguntar para os seus dados. Sim. Você se tornar “Cientista de Você”. O maior conhecedor de si mesmo do planeta, NINGUÉM VAI SABER MAIS DE VOCÊ, QUE VOCÊ. Parece mágico? Não é. É dedicação mesmo.

Plenitude não é uma questão de querer, é uma questão de se conhecer.” (Flávia Lippi)

É o autoconhecimento através do autoacompanhamento, para o despertar a autoconsciência que te leva para um outro patamar de vivência nesse planeta.

3. Por onde começar a fazer esse hackeamento de si?

Flávia Lippi: Nós, biohackers ancestrais, acreditamos na aprendizagem e aprimoramento baseados no conhecimento empírico, nos testes científicos e na experiência prática. Tudo conectado com esse imenso universo em que vivemos.

Esse processo acontece em 3 simples etapas:

  1. Coletar dados internos extraordinários;
  2. Fazer modificações pessoais profundas;
  3. Analisar resultados preciosos

O ato de rastrear seus dados biológicos ancestrais aumenta sua consciência e traz benefícios a curto, médio e longo prazo. Através de uma combinação de informações e experimentação individual, estamos cada vez mais capacitados para assumir a responsabilidade por nós mesmos.

Flávia escolheu Sócrates como inspiração para escrever esses livros em caixinhas que contêm várias folhas avulsas. Isso significa que cada página/folha terá uma pergunta para fazer você refletir, pensar e deixar reverberar e aflorar dentro de você a sua própria resposta. 

4. Pode comentar sobre seu método “A Equação”? E o que mudou na sua vida depois da “Equação”?

Flávia Lippi: Para achar uma solução para a toxicidade da “Sociedade da Exaustão” mergulhei em uma jornada de pesquisa e vivência sobre a felicidade para chegar na plenitude. Comecei com a ciência, fui buscar provas científicas em pesquisas formais de economia, antropologia, medicina, psicologia, química, neurociências e comportamentos e muitos outros temas que nos levam a viver em sociedade como raça humana.

Quando complementei todos esses estudos segui a minha intuição e inspiração e trouxe à tona a luz da prática do conhecimento ancestral. Algo que faz parte do meu DNA e que pratico no meu dia a dia.

Me dediquei a traduzir os conhecimentos milenares de grandes sábios que se provaram, ao longo do tempo, sendo eternos e imutáveis para diferentes sociedades e gerações.

Até chegar aqui, na Equação, uma calculadora de vida que usa o biohacking ancestral como um mapa de autoconhecimento que penetra nas camadas mais profundas do seu ser e te desperta para uma vida plena.

O termo pode parecer inédito, mas o conceito não é invenção minha não. É um resgate milenar.

“A Equação é uma calculadora personalizada, individualizada, recriada por você no seu dia a dia, para aprender a usar a ciência moderna e a ancestralidade para te tornar mais saudável e pleno. Todos os dias.” (Flávia Lippi)

5. Quais foram suas principais influências, inspirações e referências para criá-lo? E que dicas você pode dar para as pessoas fazerem a sua própria “Equação”?

Flávia Lippi: A Equação é uma tradução perspicaz do biohacking ancestral em forma de calculadora. É a matemática da sua vida. É uma jornada profunda na experiência de viver e alcançar uma vida plena. E Ela é composta por um mapa e uma calculadora.

Seu mapa genético ancestral é composto por testes científicos que decifram sua biologia, sua personalidade, suas crenças, suas emoções, seus sentimentos, medos, frustrações, habilidades, hábitos, oscilações cerebrais, inteligências múltiplas, melhores alimentos e tudo que você precisa para se tornar cientista de você. Tem uma coisa.

Preste atenção! Coletânea de dados não significa transformação. Então, é aqui no seu mapa que você inicia também um autorrelato dirigido, anotando, questionando, planejando, registrando cada transformação e cada despertar proposto em cada um de nossos saltos.

Ao final, você tem um livro, um mapa pessoal, um planner que registra a jornada de sua autoconsciência para uma vida plena. Toda vez que você se perder, é lá que você vai reencontrar o caminho de si mesmo.

Da mesma maneira que nos guiamos por mapas para chegarmos a lugares desconhecidos, navegamos nas profundezas do seu corpo, da sua alma e da sua mente decifrando, construindo e registrando seu mapa genético ancestral.

Um presente eterno e sem fronteiras. Pessoal, individual e ancestral.

6. Para você, o que é produtividade no contexto pós-covid? É possível ser feliz e produtivo sem perder a saúde mental e emocional no caminho?

Flávia Lippi: Com certeza. A questão é saber abrir mão daquilo que não vale mais à pena. Acredite, nunca vale a pena se matar de trabalhar, por nenhum valor financeiro.

7. Por que atualmente paira no ar uma onda de exaustão e aceleração? É possível evitar mergulhar nessa onda? De que forma?

“A pandemia do século XXI é neural. Uma revolução cognitiva. A propagação da ideia do “tudo pode ser”, das mil e uma possibilidades e de que tudo depende de você instalou a positividade viral e tóxica na sociedade.

A angústia de ser o responsável por todas as escolhas dentre tantas possibilidades faz com que muitas pessoas tenham um infarto da alma.” (Flávia Lippi)

A pandemia da positividade tóxica exige superprodução, superdesempenho, superinformação. Ao sermos sugados por esta dinâmica, nós colapsamos.

O excesso da elevação do desempenho leva ao esgotamento, à exaustão e ao sufocamento. Nosso corpo está pedindo SOCORRO, pedindo PAUSA, pedindo SOLUÇÃO.

Difundiram a ideia de que a felicidade vem de fora para dentro e assim conseguiram engarrafá-la e vendê-la nas prateleiras. A felicidade é materializada no carro do ano, no smartphone do ano, no apartamento de luxo, na casa com piscina, nas pílulas milagrosas. Você pode até ter tudo isso, mas não precisa morrer por isso né?

A “Sociedade da Exaustão” vende a felicidade e usa a “Positividade Viral” para que você se sinta culpado por não ter atingido todos os objetivos que inventaram, e não os que são essencialmente seus.

E você, inconscientemente, acredita que se você não tem tudo que é vendido no pacotinho da felicidade, você é um fracasso pessoal.

8. Como você enxerga o papel da empatia e da compaixão nas organizações? E como desenvolver essas habilidades?

Flávia Lippi: Identificar os nossos gatilhos, reconhecer as nossas emoções e os sentimentos que provocam na gente, expressar um comportamento que esteja de acordo com os nossos objetivos naquela situação, é o poder de ter uma vida mais plena.

Idealmente, quem está na liderança acaba gerenciando emoções. É uma pessoa que sabe navegar na sua trilha emocional e percebe nela mesma uma grande redução dos níveis de ansiedade, hostilidade e diminui a possibilidade de ter depressão.

Além disso, tem um aumento significativo no afeto pelos outros, menor reatividade emocional e fisiológica. Mas aí, você me pergunta – Flávia, isso é bom só para a pessoa, então? Aqui é que você se engana.

Primeiro, se essa pessoa que é líder tiver um interesse genuíno em ensinar como ela lida com as suas próprias emoções, isso irá inspirar seu time a fazer da mesma forma.

Por consequência, essa liderança inspiradora irá estimular a colaboração e a confiança mútua entre líderes e liderados, retroalimentando um círculo virtuoso, pois a confiança é a base da colaboração.

Aliás, pesquisas indicam que a capacidade de colaboração e a criatividade não são atributos permanentes, mas reagem a fatores externos, podendo se desenvolver ou retrair com o passar do tempo.

Um dos pioneiros na neuroeconomia, Paul J. Zak, autor do livro “Trust Factor: The Science of Creating High Performance Companies” (“Fator confiança: a ciência da criação de empresas de alta performance”, ainda não traduzido para português), fez uma correlação matemática entre confiança e performance econômica.

Comparado às pessoas que trabalham em locais com baixo índice de confiança, as que trabalham em empresas que possui esse índice alto, apresentam 74% menos stress, 106% mais energia no trabalho, 50% mais produtividade, 13% menos dias doentes, 76% mais engajamento, 29% mais satisfação com suas vidas e 40% menos burnout.

Então, a pessoas que lideram gerenciando emoções, além de construírem equipes capazes de compreender as próprias emoções e as dos outros, ainda contribuem para uma empresa mais lucrativa. 

9. No que todo líder deveria sempre investir em aprender para fazer a diferença na organização a qual pertence e na vida de seus colaboradores e colaboradoras?

Flávia Lippi: Que todos nós somos iguais e todos temos os mesmos problemas, só muda a proporção -saúde, amor, dinheiro, trabalho, poder.

“Quando somos líderes inspiradores, queremos apenas que todos possam ser protagonistas de suas próprias vidas e carreiras e se tornem livres das amarras da falta de saúde mental.” (Flávia Lippi) 

Para acessar GRATUITAMENTE o e-book da Flávia Lippi, é só clicar na imagem acima ou no link a seguir – https://flavialippi.com.br/ebook-gratuito-lideres-mais-produtivos/

10. Qual sua relação com o mundo da escrita, “amor ou guerra”?

Flávia Lippi: Amor sempre. Amo as palavras, os significados, as oportunidades, a causa e a consequência. Linguagem é como o DNA – pode revelar de onde você é, quando nasceu, sua escolaridade, sua educação e até suas intenções.

“As palavras, podem revelar sua identidade, mesmo que você esteja tentando escondê-la.” (Flávia Lippi)

11. Se você tivesse que conversar com um(a) escritor(a) qual seria, por qual razão e o que você gostaria de falar ou perguntar a ele(a)?

Flávia Lippi: No momento, Sidarta Ribeiro. Eu perguntaria de forma bem inocente e até boba – Como podemos mudar o mundo? A ciência e a espiritualidade andam juntas, como podemos mostrar isso claramente para ambas as comunidades?

Dicas da Flávia

🍿Filmes:

  • “Os Sete Samurais” (1954), de Akira Kurosawa;
  • “O Sétimo Selo” (1956), de Ingmar Bergman;
  • “Ladrões de Bicicleta” (1948), de Vittorio De Sica;
  • “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang.

🎧Músicas:

  • Adele, “Rolling in the Deep”;
  • Dotan, “Swim to you”;
  • Nahko, “Dragonfly”;
  • Xavier Rudd, “Comfortable in my skin”;
  • Amo mantras, então vou sugerir também – Krishna Das, “Om Namah Shivaya” e “Gayatri Mantra”.

Frase ou palavra que a inspira

“Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.” (Voltaire)

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Torço para que você aproveite todas as dicas que a queridíssima Flávia compartilhou de forma tão generosa e comece a montar a sua equação para uma vida mais plena e feliz.

Para aprender mais com ela ou conhecer sobre os serviços que ela oferece, tanto para pessoa física ou jurídica, é só se conectar com ela aqui no LinkedIn Instagram ou diretamente no site do IDHL.

🎁E ela ainda nos brindou com dois presentes maravilhosos:

  1. Um cupom de desconto para adquirir os livros dela. Basta acessar este link e aplicar o cupom  direto no carrinho da editora Matrix – flavialippi5
  2. E o link para você se inscrever no “Retiro dos Exaustos”, “um espaço on-line de acolhimento sem cobranças e julgamentos”, totalmente GRATUITO, para quem está “cansado da ansiedade de viver em um ciclo vicioso de busca por mais dinheiro, mais trabalho e mais sucesso” – https://idhl.org.br/refugioexaustos/inscricao/

 E claro, um abraço virtual a cada leitor e leitora!🤗

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Esse foi o 14º episódio da minha série de entrevistas “Com a Palavra”, originalmente publicada no LinkedIn.

Crédito das fotos: Todas as fotos usadas são do arquivo pessoal de Flávia Lippi e foram retiradas, em sua maioria, do perfil do Instagram pessoal dela e do IDHL.

Imagem de capa: imagem do arquivo pessoal de Flávia Lippi, foto por Edson Panda, editada no Canva.

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Confira as entrevistas anteriores da 2ª temporada da série “Com a palavra”

#10 Fernanda Pasquale – “Os desafios da comunicação além-mar”.

#11 Paty Cozer – “As dores de ser uma pessoa altamente sensível num mundo acelerado e carente de mais inclusão”.

#12 Juliana Algodoal – “Conheça por que se comunicar bem se tornou uma das habilidades mais valorizadas nessa era tecnológica”.

#13 Dalva Corrêa – “Escrita autêntica – muito além da técnica, uma prática para “mergulhar no mar de dentro”.

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Vera Natale

Author Vera Natale

Sou consultora e especialista em Escrita e Comunicação Descomplicada. Ajudo empresas e pessoas a traduzir ideias e projetos em palavras fáceis de entender e comunicar no seu dia a dia, por meio de técnicas criativas.

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